Receita de serviços mostra desaceleração
O crescimento da receita de serviços desacelerou em agosto e foi o segundo pior da série histórica em 18 meses, ao fechar com alta de 6,6% sobre o mesmo mês de 2012, segundo a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A diferença em julho havia sido de 9,1%, o que mostra tendência de Produto Interno Bruto (PIB) fraco para o terceiro trimestre, já que o setor representa dois terços de tudo que se produz no País. O resultado foi apenas melhor do que os 6,1% de março deste ano. Na média por trimestre, a variação nominal foi de 7,6% no primeiro, 9,2% no segundo e está em 7,8% nos dois primeiros meses do terceiro, sem o fechamento de setembro. Ainda, o acumulado em 2013 está em 8,3% e. em 12 meses, em 8,6%.
Analistas dizem ainda que o desempenho é pífio porque representa ganhos nominais. A PMS não define um índice de inflação que poderia ser descontado, para apontar o crescimento real. Mesmo assim, o professor de economia Alcides Leite, da Trevisan Escola de Negócios, diz que, se fosse retirado o valor do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que em agosto era de 6,09% para 12 meses, a variação positiva ficaria próxima a zero. “O setor está estagnado porque não há crescimento real na renda familiar, a inflação no setor é muito alta e não houve aumento de produtividade.”
O economista Silvio Sales, consultor do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), diz que a previsão do órgão é de que o PIB caia 0,3% no terceiro trimestre em relação ao período imediatamente anterior. “A atividade econômica está muito oscilante e a própria confiança do setor de serviços está baixa.” Para o delegado do Conselho Regional de Economia (Corecon) no Paraná, Laércio Rodrigues de Oliveira, o período teve baixa atividade econômica, porque a maioria dos indicadores estão ruins. “As pessoas estão endividadas ainda, com aumentos seguidos dos juros, o que indica alta de custos para o consumo e deixa o mercado apreensivo”, diz ele, também professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL).
Sales lembra que o setor terciário pressiona o IPCA, justamente em um contexto de demanda arrefecida. “As pessoas podem estar optando por consumir menos serviços”, conta. Mesmo assim, Leite não crê em reflexo sobre o índice oficial de inflação. “Os serviços têm maior facilidade para repassar a inflação e o que segura o índice hoje são os preços controlados”, explica, ao citar exemplo da gasolina, que segue congelado.
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O técnico Roberto Saldanha, da coordenação de Serviços e Comércio do IBGE, afirmou ontem que as principais desacelerações foram de setores que dependem da demanda de empresas. A demanda de famílias é o que impede um resultado pior. O item teve alta de 11,3% em agosto.
Na sequência aparecem Transportes, Serviços Auxiliares dos Transportes e Correios (8%). O destaque neste setor é o transporte aéreo, que aumentou 22,1%. Depois de transportes, vêm os Serviços Profissionais, Administrativos e Complementares (6,6%), Serviços de Comunicação e Informação (4,8%) e Outros Serviços (3,6%). “Houve um crescimento um pouco maior em serviços ligados a alimentos e transportes porque a inflação foi maior nesses segmentos”, diz o professor da Trevisan. A pesquisa não apura dados dos serviços de educação e de saúde.