Estudo mostra dicotomia entre mercado de trabalho e indústria

Posted by Clayton Teles das Merces on 19 maio 2014 in Sem categoria |

O mercado de trabalho no Brasil está acima de seu potencial, enquanto o nível de utilização da capacidade instalada (Nuci) na indústria está abaixo. O primeiro fenômeno eleva a inflação de bens não comercializáveis, enquanto o segundo pressiona para baixo os preços de bens comercializáveis, mostra estudo do economista Sergio Lago, do Departamento de Estudos e Pesquisas (Depep) do Banco Central (BC).

“A taxa de crescimento do PIB [Produto Interno Bruto] e da produção industrial tem caído desde 2010, mas a taxa de desemprego não aumentou nesse período”, afirmou Lago na sexta-feira passada, ao apresentar o estudo no XVI Seminário Anual de Metas para a Inflação, promovido pelo BC, no Rio de Janeiro. Segundo o economista, nem mesmo o grande choque provocado pela crise financeira internacional de 2008 foi capaz de provocar desvio de tendência na taxa de desemprego. “As razões para a queda do desemprego [neste cenário] ainda são desconhecidas”, ponderou.

No estudo, Lago descreve o que chama de “dicotomia” na economia brasileira no período recente. “Enquanto o setor industrial apresenta fraco desempenho, o mercado de trabalho encontra-se aquecido, gerando pressões sobre o hiato do produto.”

Apesar disso, o aquecimento do mercado de trabalho esconde uma migração unilateral de pessoal ocupado, da indústria para o segmento de serviços. Como a taxa de desemprego tem caído nos últimos anos ao mesmo tempo em que os salários reais apresentam ganhos, esta migração gera pressão, sobretudo, sobre a remuneração paga pela indústria, de acordo com Lago. O setor manufatureiro, contudo, não tem como repassar esses custos, já que os preços finais são ditados pelo mercado externo (por serem bens comercializáveis).

Durante o mesmo evento, o economista-chefe do Itaú Unibanco, Ilan Goldfajn, afirmou que ao pesar os custos e a rapidez para levar a inflação ao centro da meta, todo banco central leva em consideração outros fatores da economia, como a taxa de desemprego. Por isso, o processo é sempre gradual, completou o economista.

“Todo BC leva em consideração a meta de inflação e como chegar à meta de inflação. E como chegar implica levar em consideração tanto a rapidez quanto o custo de chegar lá. Quando se leva em conta o custo, o desemprego está incluído. Tanto que, normalmente, a volta é gradual. Você não tem uma volta ao centro da meta em dois meses”, afirmou Goldfajn, ex-diretor do BC, após mediar uma mesa do seminário.

Segundo Goldfajn, o objetivo final da política econômica é levar ao pleno emprego e o desafio atual do Brasil é voltar a crescer ao mesmo tempo que mantém o nível de desemprego baixo. Pelos últimos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desocupação no País está em 5,0%.

“Temos que conseguir, de alguma forma, manter todo o emprego e conseguir voltar a crescer. Gerar desemprego não é o objetivo, como também não é o objetivo ter pleno emprego sem crescimento”, afirmou o economista, para quem “nosso regime de metas é adequado.”

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