Escolas vão ensinar empreendedorismo

Posted by Clayton Teles das Merces on 28 maio 2012 in Sem categoria |

Saber empreender é fundamental tanto para aspirantes a empresários quanto para jovens profissionais que desejam gerir a própria carreira. É a partir desse mote que algumas secretarias estaduais de ensino criaram projetos para incluir aulas de gestão empresarial no currículo dos ensinos fundamental e médio.
No Estado de São Paulo, a ideia de unir a educação básica à formação em negócios ganhou corpo neste ano com o programa “Jovens Empreendedores: Primeiros Passos“.
O projeto consiste na formação de professores para a disciplina de empreendedorismo social, que será ministrada aos alunos do ensino fundamental aos sábados, a partir do próximo semestre – a presença dos jovens é facultativa. O conteúdo é organizado em parceria com o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).

CARREIRA DO FUTURO
“As aulas vão abordar desde a importância do empreendedorismo para a sociedade até a elaboração de um projeto de negócio voltado à sustentabilidade“, adianta Maria Helena Berlinck Martins, coordenadora do Programa Escola da Família.
A professora Sheila Bazarim, 36, que dá aulas em uma escola da zona sul de São Paulo, está na etapa final do curso e já pensa em realizar oficinas práticas com seus alunos a partir de agosto. “Quero ensiná-los a produzir e vender artigos reciclando papel de coador de café.“
Esse modelo de parceria com o Sebrae existe em Minas Gerais desde 2008. Até o ano passado, mais de 2.000 professores do ensino fundamental foram capacitados.
“Os nossos desafios são desmistificar a noção de empreendedorismo como um negócio e mostrar que é uma competência importante para o profissional do futuro“, afirma Cacilda Almeida, analista de educação e empreendedorismo do Sebrae-MG.

CABEÇA ABERTA
No Rio, os alunos do ensino médio têm aulas de empreendedorismo junto com o curso profissionalizante.
“A ideia é que eles aprendam não só a técnica de produção mas também a de vendas no mercado“, destaca Antônio Neto, subsecretário de gestão de ensino.
Hiago da Silva, 16, foi um dos que participaram do curso. Estudante do 3º ano do ensino médio, ele fez o técnico em panificação e confeitaria. Das aulas, tirou uma conclusão: quer abrir uma empresa de eventos ou bufê.
“O curso me abriu a cabeça. Achava que o único caminho era ser funcionário. Hoje, sei que ao sair da faculdade de administração poderei gerir meu próprio negócio e ser tão feliz quanto seria se trabalhasse para alguém.“
Conteúdo das novas aulas
EMPREENDEDORISMO
Aborda os fundamentos da gestão empresarial e dá dicas de como desenvolver habilidades no trabalho

SUSTENTABILIDADE
Associa a administração às ações ambientais e ensina os jovens a ganhar dinheiro com produtos reciclados ou naturais

FINANÇAS
Orienta os estudantes a lidar com dinheiro e a entender o fluxo de caixa de uma empresa
GESTÃO DE PESSOAS

Relaciona o sucesso da administração empresarial à gestão de pessoas e à eficácia na contratação de funcionários

MARKETING
Passo a passo para os jovens utilizarem a comunicação a favor da companhia. Também envolve a relação com a mídia

LIDERANÇA
Princípios básicos de como o aluno pode ser um bom líder ao se tornar empreendedor
Na rede particular, negócio é coisa séria
Além de ensinarem a gerir empresas, escolas privadas organizam feiras de empreendedorismo para os alunos
De longe, a cena parece a de uma típica aula dos ensinos médio ou fundamental, com canetas, borrachas e cadernos sobre as mesas, e os estudantes papeando ou fazendo perguntas ao professor.
De perto, a disciplina apresenta-se nada convencional: empreendedorismo.
No Colégio Renovação, na zona sul da capital paulista, além de receberem orientação vocacional, os alunos do ensino fundamental são incentivados a escolher entre trabalhar para alguém ou ser empresário.
Nas aulas, matemática e português dividem espaço com gestão de pessoas, organização e finanças. No final da disciplina, um desafio: criar um projeto de negócio e administrar uma empresa durante uma feira de empreendedorismo.
“Os alunos vão mais maduros para o mercado de trabalho“, afirma Claudia Baratella, vice-diretora do colégio.
A estudante do 1º ano do ensino médio Karina Boratino, 15, participou da feira no ano passado. Seu projeto era uma loja de biscoitos.
A experiência, diz, fez com que ela tivesse mais visão de mercado. “Temos que pesquisar o que as pessoas gostam e compram. Vi que bolacha não dá certo“, avalia ela, que planeja estudar gastronomia e abrir um restaurante.
Para a mãe da estudante, Márcia Boratino, 43, as aulas fizeram com que sua filha amadurecesse e valorizasse mais o dinheiro. “Hoje, ela pensa duas vezes antes de tomar qualquer decisão“, diz.

SUCESSO NA ESCOLA
Na Escola Internacional de Alphaville, a disciplina é semelhante à do Colégio Renovação, só que é destinada aos alunos do ensino médio.
Durante as aulas, ministradas em inglês (a escola é bilíngue), os alunos trocam experiências e discutem o tema com o professor, que traz casos reais de empresas e números do mercado.
Nos planos de Cristiana Oliveira, 15, estudante do 1º ano do ensino médio, estão fazer faculdade de publicidade e abrir uma agência. As aulas de gestão, afirma, ajudaram a confirmar esse desejo.
“Descobri que o sucesso de uma empresa depende não só do empresário mas também de toda a equipe.“
Nem todos os alunos gostam da ideia de empreender. Paula Carvalho, 14, por exemplo, “desistiu“ por conta das dificuldades em gerir sua loja de bijuterias na feira da escola. “Trabalharia menos se fosse funcionária“, acredita.
Para oferecer uma visão realista ao aluno, a consultoria PwC (PricewaterhouseCoopers) mantém parceria com nove escolas brasileiras que promovem um projeto de empreendedorismo. Nelas, os alunos criam uma empresa e se organizam em cargos.
“A experiência estimula o jovem a ser um profissional mais completo. Ele aprende a importância do planejamento e da organização e a lidar com dificuldades“, diz João César Lima, sócio da PwC.

Foco
Jovens erram no planejamento e têm de correr para aumentar o estoque
Os estudantes do 1º ano do Colégio Renovação Erick Manuli, 14, e Igor Ocasaque, 15, aprenderam uma lição ao experimentar o sucesso: devem acreditar no próprio trabalho.
No projeto que criaram para a feira de empreendedorismo da escola, eles montaram uma barraca de frutas com chocolate derretido chamada “Doce Pecado“. Em menos de 30 minutos, todo o estoque foi vendido para os colegas.
O resultado? Correria para comprar mais frutas e começar a produção do zero para atender à demanda.
“Decidimos a ideia do negócio na última hora. Não esperávamos vender tanto assim“, recorda Ocasaque.
Ao todo, os jovens arrecadaram R$ 700 e somaram um lucro de R$ 470 em um dia. “Foram oito caixas de morango. Quase acabamos com as frutas da região“, brinca Erick Manuli.
Apesar do lucro, para Ocasaque, os ganhos foram outros: “Aprendi a planejar melhor e a não subestimar o meu trabalho e as minhas ideias“.

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