81% dos brasileiros são contra aumento de impostos
Em vez de elevar tributos, os brasileiros acreditam que o governo federal deveria cortar gastos e melhorar a gestão dos recursos para oferecer serviços de qualidade para a população.
Esse foi o resultado da pesquisa “Retratos da Sociedade Brasileira – Serviços Públicos, tributação e gasto do governo”, realizada pelo Ibope Inteligência para a Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Para 87%, o nível dos impostos já é alto ou muito alto dada a qualidade dos serviços públicos oferecidos à sociedade.
A pesquisa aponta que 90% dos brasileiros consideram que a qualidade dos serviços públicos deveria ser melhor diante do valor dos impostos cobrados hoje. Esse porcentual vem crescendo nos últimos anos: em 2010, eram 81%, e em 2013, 83%.
Entre os serviços públicos, nenhum obteve avaliação positiva dos brasileiros (acima de 50 pontos). Saúde e segurança pública, apesar de terem melhorado em relação a 2013, receberam as piores notas, com 20 pontos e 22 pontos, respectivamente.
O levantamento mostra ainda que 81% dos brasileiros acreditam que o governo já arrecada muito e não precisa aumentar mais os impostos para aprimorar os serviços públicos. A coleta de dados para a pesquisa ocorreu entre os dias 17 e 20 de março e ouviu 2.002 entrevistados em 143 municípios.
Quando o assunto é manter serviços sociais como saúde, educação e segurança pública, 60% dos brasileiros discordam de aumentos de impostos, enquanto 36% concordam total ou parcialmente. Em 2013, a discordância da afirmação era bem maior e atingia 86% da população. Apenas 10% aceitavam essa alternativa à época.
Os brasileiros não só consideram que o nível de impostos é elevado como também avaliam que subiram nos últimos anos. Para 83%, os impostos estão aumentando muito, e outros 11% acham que estão subindo um pouco.
GASTOS PÚBLICOS
A pesquisa aponta ainda que 85% dos brasileiros acham que osgastos públicos aumentaram ou aumentaram muito nos últimos anos. Quando informados sobre os déficits orçamentários verificados em 2014 e 2015, 80% da população opina que o governo deve reduzir os gastos atuais. Outros 15% defendem que o patamar de despesas seja mantido.
Para os brasileiros que afirmam que o governo deve manter os gastos atuais, foram apresentadas três opções para estabilizar as contas públicas: aumento da dívida pública (preferência de 12%), criação de novos impostos (17%) e venda concessão de bens e empresas públicas para a iniciativa privada (42%). Outros 30% não souberam ou não quiseram responder.
“É importante destacar que apesar de essas medidas mitigarem o problema enfrentado nas contas públicas brasileiras, elas não o resolvem no longo prazo, pois os gastos públicos no Brasil vêm crescendo a uma taxa superior ao crescimento da economia nos últimos 20 anos”, destacou a CNI.
Já para os que defenderam o corte de gastos, deveriam entrar na mira do governo o custeio da máquina pública (32%), os salários de funcionários públicos (22%) e os programas sociais (11%).
CPMF
A recriação da CPMF deve enfrentar resistências da população de acordo com a pesquisa. Ao todo, 73% dos brasileiros são contra o retorno do tributo, enquanto apenas 20% são favoráveis.
Os porcentuais são semelhantes ao observado em 2010, quando também se discutiu a volta da CPMF para elevar a arrecadação do governo destinada à saúde. Naquele ano, 72% eram contra e 20% a favor.
Os entrevistados foram apresentados à atual proposta de recriação da CPMF como meio de arrecadação para a Previdência Social e saúde pública. Antes da explicação, apenas 32% sabiam dizer o que é a CPMF e a definiram como um tributo. “Isso mostra o grande desconhecimento da população sobre o tema, que tem ganhado destaque nas discussões sobre como corrigir o déficit fiscal”, afirmou a CNI.
A resistência à recriação da CPMF pode ser explicada pela visão de 70% dos brasileiros de que se trata de um imposto injusto. Outros 59% acreditam que o tributo vai aumentar os preços dos produtos.
“Esses resultados indicam que a maioria dos brasileiros entende que a CPMF, apesar de incidir sobre movimentações financeiras, impacta todos os brasileiros por ser embutida no preço dos produtos, consumidos por toda a população, inclusive os mais pobres”, diz a entidade.
Por fim, 61% dos brasileiros discordam total ou parcialmente de que a recriação da CPMF iria melhorar a vida dos brasileiros, uma vez que o governo teria mais recursos para investir em saúde e Previdência. Apenas 33% concordaram, total ou em parte, com a afirmação.
Fonte: Estadão
Notícia publicada quarta-feira, 13 de julho, 2016