Acessórios ampliam faturamento
A transformação que a contabilidade brasileira passa tem gerado impacto direto nos serviços prestados pelos contabilistas e contadores.
“Fazer a contabilidade em si já está ultrapassado. O empresário contábil tem que se preparar para prestar serviço de gestão aos seus clientes”, afirma o ex-presidente da Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis (Fenacon), Valdir Pietrobon.
“Esse profissional passou de simples registrador das informações contábeis das empresas a verdadeiro consultor dos empresários, exercendo papel muito importante na tomada de decisões e no desenvolvimento econômico e social das empresas”, avalia o presidente do Sindicato dos Contabilistas de São Paulo (Sindcont), Jair Gomes de Araújo.
“Para o profissional da contabilidade, existem muitas oportunidades de atuação em vários mercados”, considera o vice-presidente de administração e finanças do Conselho Regional de Contabilidade de São Paulo (CRC-SP), Gildo Freire de Araújo.
As novas obrigações
De fato, o empresário contábil está ganhando destaque dentro dos negócios dos seus clientes. Se antes eles eram responsáveis apenas por fazer o lançamento contábil, tributário e a folha de pagamento, hoje esses profissionais fazem projetos financeiros, análise de viabilidade de um novo negócio, constituição e alteração de sociedades, emissão de certidões, Declaração Comprobatória de Percepção de Rendimentos (Decore); recálculo de tributos, consultoria, elaboração de contratos, preparação de documentos para participação em licitações, entre outros serviços. Em algumas firmas de contabilidade, esse trabalho extra já representa cerca de 40% do faturamento.
O fato é que as empresas de contabilidade têm visão ampla do negócio do seu cliente e contam com mais facilidade para preencher os documentos, fazer a análise dos negócios ou prestar consultoria.
“O profissional de contabilidade tem que estar preparado não só para as mudanças nas leis, mas até para a necessidade que o contador identifica ao processar a contabilidade da empresa, porque ele tem base para identificar necessidades pontuais do cliente”, comenta Geuma Nascimento, da Trevisan Gestão e Consultoria. Mas o fato é que “nem todos os escritórios estão qualificados ou preparados para oferecer serviços que não são triviais”, avalia o coordenador de graduação e pós-graduação em ciências contábeis do Ibmec-RJ, Raimundo Nonato Silva.
Nicho de mercado
Apesar de ser um nicho de mercado em expansão e que pode garantir bons rendimentos aos profissionais contábeis, ainda são poucos os escritórios que prestam serviços especiais aos seus clientes.
Estudo realizado pelo empresário contábil Roberto Dias Duarte revela que as organizações contábeis ainda não veem os serviços personalizados como principal diferencial. Segundo o levantamento, serviços personalizados, variedade de serviços e atuação especializada no mercado dos clientes foram apontados, respectivamente, por 33%, 26% e 17% dos entrevistados como o principal diferencial. Para quase 70% das organizações contábeis pesquisadas, um de seus principais diferenciais é o cumprimento rigoroso das obrigações acessórias. “Mas isso não pode ser um diferencial. É a obrigação do profissional”, destaca Duarte. A pesquisa revela ainda que as organizações que prestam serviço personalizado tiveram aumento de 25% na receita nos últimos três anos, enquanto dos que consideram o preço como diferencial apenas 1% conseguiu atingir essa taxa de crescimento.