Economia brasileira sofrerá retração geral
BC prevê queda do PIB da agricultura e indústria e redução de serviços neste ano
Em consonância com a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), que sinalizou preocupação com o baixo crescimento da economia brasileira em 2014, o Banco Central previu no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado nesta quinta-feira, desaceleração das previsões de crescimento de todos os setores da economia em 2014.
Pelas novas projeções, o PIB da agricultura vai despencar de 7% em 2013 para 2,8% este ano. Já o PIB da indústria cairá de uma alta de 1,3% para 0,4% . O setor de serviços terá um crescimento de 2%, se mantendo estável em relação a 2013, mas com recuo ante a projeção anterior, que era de alta de 2,2%.
O relatório também mudou a avaliação sobre o crescimento, como já estava indicado na última ata do Copom. A avaliação muda de “gradual recuperação” para um ritmo de expansão da atividade “menos intenso” este ano em comparação a 2013. O BC segue avaliando que mudanças importantes devem ocorrer na composição da demanda e da oferta agregada. “Nesse contexto, considerando a variação em 12 meses, nota que as taxas de expansão da absorção interna têm sido maiores do que as do PIB, mas estão convergindo”, destaca o relatório trimestral.
O relatório também dá destaque ao fato de que o consumo tende a continuar em expansão em ritmo mais moderado do que observado em anos recentes e que os investimentos tendem a ganhar impulso. O BC avalia ainda que, em prazos mais longos, emergem perspectivas mais favoráveis à competitividade da indústria, e também da agropecuária; ao mesmo tempo em que o setor de serviços tende a crescer a taxas menores do que as registradas em anos recentes.
O relatório trouxe um box sobre a formalização do mercado de trabalho, com uma aferição alternativa desse movimento, com base na contribuição para a Previdência. De acordo com o documento, o indicador mais utilizado para se medir a formalização da mão de obra é a relação entre o número de empregos com carteira assinada e a quantidade de ocupados na economia.
Já a medida de formalização proposta pelo BC no box inclui todos os trabalhadores que possuam algum nível de contribuição previdenciária. Ou seja, além dos empregados com carteira assinada, o box engloba empregadores, empregados sem carteira, militares, funcionários públicos estatutários e trabalhadores por conta própria. Desta forma, a curva de formalização, de acordo com essa metodologia alternativa é superior à identificada pela metodologia tradicional entre dezembro de 2003 e abril de 2014.
O BC destaca que o indicador de formalização normalmente usado é na verdade “um subconjunto” desse escopo mais abrangente tratado no box. “A diferença entre os indicadores, após oscilar ao redor de 17 p.p. durante a maior parte do período, apresentou trajetória crescente a partir da metade de 2011 e atingiu 20 p.p. em abril de 2014”, cita o documento.
De acordo com o BC, essa diferença se deve aos chamados efeito contribuição e efeito participação, e a conclusão é de que a variação esteve mais condicionada à maior geração de empregos em categorias de trabalhadores que contribuem para a previdência do que à adesão de novos trabalhadores a essa proteção, embora ambos os fatores tenham se mostrado significativos.
“As atividades com maior percentual de contribuintes para a previdência, em abril de 2014, eram administração pública (90,5%), serviços (85,1%) e indústria (79,4%), enquanto as com menor porcentual eram serviços domésticos (51,0%) e construção civil (53,4%). Ressalte-se que o aumento de 19,7 pontos no percentual de contribuição na construção civil foi o mais acentuado no período”, destacou o documento.