Desemprego cai graças aos serviços
A indústria vem fechando postos de trabalho nos últimos meses, mas a expansão de vagas em ramos de serviços impediu que o desemprego no Grande ABC crescesse em maio. Pelo contrário, houve retração no percentual de pessoas sem ocupação no mês passado. Foi o que apontou a PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego), realizada pelo Seade/Dieese e divulgada ontem, que mostrou que a taxa de desemprego caiu de 11,2% em abril para 10,2% em maio.
Esse índice (que se refere ao número de desempregados em relação ao total de pessoas no mercado de trabalho, ocupadas ou em busca de vagas) foi o menor para o mês desde o início da série histórica do levantamento para a região, em 1998.
De acordo com o estudo, havia na região 336 mil postos de trabalho no setor industrial em março, número que caiu para 322 mil em abril e para 317 mil em maio. As 5.000 vagas fechadas no mês passado se deveram ao ramo metalmecânico, que tinha 175 mil empregos em abril e passou a contar com 170 mil em maio.
Ao mesmo tempo, os ramos de serviços vêm ampliando o número de postos mês a mês, chegando a maio com 680 mil. Esse número é o maior da série histórica e representa 53,2% do total da ocupação no Grande ABC (1,279 milhão), que também é índice recorde desse estudo. Ou seja, nunca na história dos sete municípios (pelo menos desde 1998) houve tanta gente empregada nessa área, que abrange ampla gama de atividades (Educação, Saúde, restaurantes, portaria, limpeza, Segurança, cabeleireiros, consultorias de informática, engenharia e arquitetura, por exemplo).
O que pode explicar parte desse movimento é a migração de trabalhadores de fábricas para outras áreas, por conta das aberturas de PDVs (Programas de Demissão Voluntária) nos últimos meses, diz o economista do Thomaz Ferreira Jensen.
Na comparação com maio do ano passado, por esse estudo, a indústria ainda está com aumento de ocupação (19 mil a mais). No entanto, a analista do Seade Leila Luiza Gonzaga salienta que a pesquisa tem diferenças em relação aos dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho, já que este último levantamento é baseado em registros administrativos das empresas, enquanto a primeira é domiciliar (ou seja, ouve os moradores da região, e cerca de 20% deles trabalham fora do Grande ABC).
Além disso, a PED incorpora informações de postos sem registro em carteira e autônomos. Dessa forma, quem trabalha em empreendimento ‘fundo de quintal’ ou por conta própria não é contabilizado pelo ministério, mas sim pela do Seade/Dieese.
O estudo mostra ainda que o rendimento médio dos assalariados caiu 5,9% em abril ante março e 7% na comparação com 12 meses antes. Segundo o professor de Economia da Universidade Metodista de São Paulo Sandro Maskio, a expansão da área de serviços, que na média paga salários menores, pode contribuir para redução do rendimento médio e também para a retração da massa de renda (rendimento multiplicado pelo total de ocupados), o que impacta em menos dinheiro circulando na economia da região.