Como se constrói uma boa reputação
Se alguém solicitar a você neste momento a indicação de um bom advogado, quem recomendará? E se uma terceira pessoa pedir que mencione o nome de um médico cardiologista confiável ou então do professor de inglês que está no topo da sua mente, quem será o citado?
Quando uma outra pessoa sabe o que você faz, recorda o seu nome e ainda guarda lembranças felizes das interações que mantiveram ao longo do tempo é sinal de que conseguiu construir uma boa reputação perante este ser humano. E num mundo em rede aonde as recomendações de terceiros são cada vez mais levadas em conta este não é um fator qualquer, mesmo que infelizmente muitos profissionais ainda prefiram remar no sentido contrário.
Você recorda a fábula do pastor de ovelhas? Segundo a historieta, o pastor costumava levar o rebanho para a orla da floresta e como ele sempre andava sozinho e se sentia solitário, teve a ideia de gritar “Lobo, lobo!”, assim que voltou à aldeia.
Na hora muitos camponeses correram para ajudá-lo, mas logo após se aborreceram ao saberem que se tratava de uma brincadeira de mau gosto. O pastor repetiu a peraltice algumas outras vezes até que um dia o lobo atacou as ovelhas de verdade. Ele então gritou por socorro até ficar rouco, mas ninguém o atendeu e quando pôde questionar a falta de cooperação dos demais, ouviu: “Na boca do mentiroso, o certo é duvidoso”.
O mesmo ocorre com profissionais que carregam consigo uma má reputação; eles podem até ter razão, mas raramente são levados a sério. É por isto que vale a pena lembrar os fatores que determinam, ao longo do tempo, o alto grau de credibilidade profissional que carregamos.
O primeiro deles é a transparência na hora de se relacionar com os outros. Alguns indivíduos são respeitadíssimos porque dizem não quando discordam de algo, fogem das conversas de bastidor que provocam o leva-e-traz e se posicionam enquanto a maioria prefere recuar. Têm o potencial de desagradar, mas são respeitados.
Integridade moral também é uma característica das pessoas de boa reputação. Elas mantêm a coerência entre o falar e o agir (praticam o discurso), são pontuais, cumprem as promessas, abominam “o jeitinho”, fazem as coisas certas mesmo que ninguém esteja por perto para monitorá-las e buscam a justiça.
Só que uma imagem construída ao longo de vários e vários anos pode ser profundamente arranhada se você publicar na rede social aquela foto da bebedeira em família que o deixou estatelado no chão. Pode parecer um clique engraçado, que o humaniza e sem a capacidade de provocar qualquer tipo de consequência, mas todos sabemos que não é bem assim. Aquela velha história de que você tem uma vida particular e outra pública passou desde que abriu a sua conta no Facebook.
Dando um exemplo bastante atual, a atriz holandesa Nicolette Van Dam teve de renunciar ao cargo de embaixadora da Unicef na última quinta-feira após ter republicado no Twitter uma montagem na qual dois jogadores da seleção colombiana aparecem agachados cheirando cocaína num campo de futebol. E como se não bastasse a extrema indelicadeza, é bom lembrar que o atacante Falcao García, um dos retratados na imagem, também é embaixador da Unicef e trabalha justamente no combate às drogas.
Contudo, a proficiência pessoal não é suprema: você pode ser considerado um ser humano fantástico, mas incompetente. Profissionais de reputação ilibada são muito bons naquilo que fazem. Dominam seu ofício de tal modo que até mesmo os pares são capazes de tirar o chapéu para o trabalho que desenvolvem. Ou seja, são pessoas que alcançam bons resultados até mesmo – e especialmente – frente àquele tipo de problema com o qual 90% dos colegas da área não conseguiria lidar.
E não menos importante é o lugar aonde você trabalha. Se hoje em dia atua numa companhia admirada provavelmente o mercado o vê como alguém confiável e capaz, ao passo que o contrário também é verdadeiro. É por isto que uma boa decisão profissional é ligar seu nome a empresas que conservam valores éticos e têm sucesso no mercado em que escolheram atuar.