‘A venda de plataformas de petróleo mudou o cenário’

Posted by Clayton Teles das Merces on 3 janeiro 2014 in Sem categoria |

diz presidente da AEB

RIO – Na avaliação do presidente da Associação do Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, o superávit da balança comercial brasileira em 2013 surpreendeu positivamente, mesmo tendo sido influenciado pelas exportações de um produto bem específico – plataformas de petróleo. Para este ano, a AEB está preocupada com o impacto da China sobre as exportações, que podem sofrer uma piora.

Qual é a sua avaliação sobre o resultado da balança comercial de 2013?

O resultado foi melhor do que era esperado. Para quem passou o ano todo com déficit, ninguém poderia dizer, em sã consciência, que haveria esse superávit. O próprio ministro da Fazenda (Guido Mantega) disse que a balança comercial ficaria no zero a zero ou teria pequeno superávit. Nossa previsão era de US$ 700 milhões, mas a última plataforma de petróleo não estava nas contas de ninguém. É importante dizer ainda que, em 2013, a corrente de comércio melhorou. Ficou em US$ 481,795 bilhões. Em 2012, havia sido de US$ 465,758 bilhões. Só que esse aumento não é benéfico. O valor da diferença é exatamente o aumento das importações. Houve substituição de produção local por importados.

Qual foi o peso das exportações de plataformas de petróleo?

Nós tivemos US$ 7,735 bilhões de exportações em plataformas. Claro que elas mudaram o cenário. Até então, o recorde de exportações de plataformas havia sido em 2008, quando o valor chegou a US$ 1,485 bilhão com duas plataformas. Em 2013, foram sete. A operação é uma exportação ficta (jargão para venda externa sem saída do produto), em que a Petrobrás vende a plataforma a uma subsidiária no exterior e depois aluga. A plataforma não sai do País. O artifício distorce um pouco porque o volume foi muito alto, mas é legal.

Como o sr. avalia o crescimento das exportações brasileiras para a China?

Preocupa muito. Apenas três produtos representam 90% do que é exportado para a China: minério de ferro, soja e petróleo. O valor médio da soja em 2013 foi de US$ 535. Para 2014, o projetado é US$ 490. É uma redução na receita. Existe também o risco de o preço do minério de ferro cair, pois há excesso de capacidade de produção de aço na China. Além disso, a atividade lá mostrou pequena desaceleração. Todas as demais commodities devem ter preços em queda este ano. Em linhas gerais, há uma perspectiva de queda tanto na receita quanto na quantidade exportada. Preocupa. É rezar, rezar e rezar em mandarim.

E a perspectiva para 2014?

O superávit tem de crescer. Temos de elevar as exportações de petróleo em 50%, ou teremos problemas. Nossa previsão é de que as exportações caiam 1% e as importações, 3%. A taxa de câmbio mais alta deve inibir algumas importações, mas não todas, e necessariamente não vai estimular as exportações. As commodities, por exemplo, não dependem do câmbio. Na Argentina, é possível que haja restrições, com risco de queda nas exportações. O mundo também não está comprando muito, e o Brasil ainda é caro.

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