Impacto de flutuação do dólar é pequeno na América Latina
As empresas latino-americanas se mostraram resilientes a flutuações de moedas em 2013. O impacto de movimentos cambiais sobre o fluxo de caixa nos próximos 12 meses deve ser limitado na região, de acordo com novo relatório da Fitch Ratings, uma vez que os títulos de empresas latino-americanas denominados em dólares e com vencimento nos próximos dois anos e meio representam apenas cerca de 7% das atuais emissões internacionais de bônus.
“A Fitch acredita que, apesar da capacidade de gerar manchetes dramáticas, a volatilidade cambial é administrável para a maioria das empresas da América Latina”, afirma Joe Bormann, diretor executivo do grupo de Corporates da Fitch para a região. “As condições que levaram a uma série de perdas relativas a hedge cambial em 2008 não se aplicam ao atual ambiente. Durante aquele período, muitos hedges foram feitos para proteger as companhias contra a apreciação das moedas locais, o que estava tornando os exportadores da região menos competitivos”.
As empresas brasileiras apresentam a menor incidência de derivativos na região. Delas, 61% possuem instrumentos de hedge, com 52% com proteção de fluxo de caixa; 35%, balanço; e 25%, ambos. Emissores com grau especulativo estavam mais propensos a utilizar essas ferramentas de hedge.
Em comparação, 71% dos emissores mexicanos, 83% dos chilenos e 90% dos colombianos reportaram ter algum tipo de hedge. A proteção cambial foi utilizada amplamente por emissores com graus de investimento, principalmente no Chile e na Colômbia, e por produtores de commodities. Isto provavelmente se deve tanto à alta proporção de emissores com grau de investimento nesses países – dos que participaram do levantamento, 70% na Colômbia e 75% no Chile – quanto a estratégias de hedge voltadas para custos operacionais.
Cerca de 60% das empresas brasileiras que realizam hedge possuem compromissos de marcação a mercado em seus contratos, proporção mais alta do que a de todos seus pares regionais. Entre mexicanos, chilenos e colombianos, menos de um terço reportou necessidades de pagamentos com marcação a mercado. Esta diferença se deve a mais contratos de derivativos no Brasil serem negociados na BM&F Bovespa e requererem pagamentos de marcação a mercado.
Cotação
O dólar avançou e fechou o pregão de ontem acima de R$ 2,30 pela primeira vez em dois meses, com investidores mais apreensivos sobre o futuro do programa de estímulo econômico do Banco Central dos Estados Unidos (FED).