Clima econômico brasileiro e mundial apresenta melhora
O indicador de clima econômico (ICE) da América Latina de outubro se manteve igual ao divulgado em julho deste ano, é o que aponta sondagem elaborada pela Fundação Getulio Vargas, junto com o instituto alemão Ifo, divulgada ontem. Os países mantiveram o desempenho de 4,4 pontos, construído pelo índice de situação atual (ISA) (4,0) e o de expectativas (IE) (4,8). Como os dois ficaram abaixo de 5, a equipe técnica que elabora o estudo entende que a região vive um período de recessão.
O movimento apresentado pela América Latina é diferente daquele que apresenta o do mundo. O indicador de clima econômico do mundo aumentou de 5,2, em julho deste ano, para 5,5 em outubro. “Os indicadores da América Latina tendiam sempre a ser melhores que os indicadores para o mundo. Este ano, já desde janeiro, nas últimas sondagens, tem acontecido exatamente o contrário”, chamou a atenção Lia Valls, pesquisadora da Área de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia, da FGV.
Para o diretor de economia da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade, Andrew Storfer, essa mudança diz mais sobre o desempenho de países como Estados Unidos e uma parte da Europa. “Quando você fala de 2008, pega-se uma situação muito pontual, uma crise que teve nos EUA e que países da América Latina não foram tão afetados, países que não tinham o mesmo envolvimento financeiro com o resto do mundo. Por isso o clima era muito melhor. Nós continuamos no mesmo lugar, mas a Europa e Estados Unidos tinham piorado muito”, disse. Storfer explicou ainda, que a diferença negativa para a América Latina, sinalizada desde janeiro deste ano, está, portanto, mais relacionada a uma melhora na situação dos países mais afetados pela crise.
Para o professor de economia internacional das Faculdades Rio Branco, Rogério Buccelli, o índice deve ser olhado com muito cuidado, uma vez que ele reflete a forma como especialistas estão enxergando o mercado e podem não mostrar outros fatores importantes da economia. Ele atenta para o fato de termos uma tendência de a expectativa ter pontuação maior que a situação atual. “É muito otimismo para pouca realidade”, afirmou.
O Brasil teve aumento de 26,3% no ICE, que foi de 3,8, em julho, para 4,8 no último mês. Em outubro do ano passado, o indicador fechou em 6,1 pontos. O aumento em relação ao trimestre anterior foi sustentado pelo crescimento de quase um ponto no índice da situação atual (4,2) e de 1,1 ponto no de expectativas (5,3). Rogério disse que ainda não é possível falar em uma tendência de crescimento do indicador brasileiro sem esperar a publicação do próximo trimestre. “O mês de setembro foi extremamente positivo para a economia. A indústria praticamente esgotou os estoques nesse trimestre, mas será que novembro e dezembro serão tão bons, a ponto de manterem a situação de 4,2?”, questionou.
Para Storfer, também é possível relativizar esse crescimento. “Se você compara esses meses com os anteriores, estava um clima pior por causa das manifestações. Quando você analisa pontualmente, pode dar certa distorção. Agora melhorou porque pararam as manifestações, mas em termos de ambiente de negócios não vejo nenhuma melhora. A burocracia continua a mesma, a inflação continua alta e o crescimento do PIB segue baixo”, afirmou.