O primeiro semestre de 2013 terminou com a abertura de 905 mil novas empresas no País, resultado apenas 1,39% superior às 893 mil de 2012. Segundo o indicador Serasa Experian de Nascimento de Empresas, a manutenção de um índice de crescimento, ainda que menor do que em anos anteriores e mesmo com o fraco desempenho econômico brasileiro no período, mostra confiança no mercado nacional. No entanto, os seguidos reajustes na taxa básica de juros, a Selic, devem dificultar a vida de novos empreendedores no próximo semestre.
Sempre no comparativo entre primeiros semestres de cada ano, o número de empresas que abriram as portas foi de 693 mil em 2010 para 794 mil em 2011, alta de 14,5%. A quantidade subiu para 893 mil em 2012, o que representou alta de 12,4%, avanços bem superiores aos 1,3% de 2013. O Sudeste concentrou a maior fatia de novos empreendimentos, com 49,6%, ou 449 mil, seguido pelo Nordeste, com 18% ou 163 mil, e o Sul, com 16,8% ou 152 mil. Porém, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul fecharam com a maior média de crescimento na comparação com o mesmo período do ano passado, de 4,3%. Norte e Nordeste tiveram 1,9%, Centro-Oeste, 1,3% e Sudeste, 0,2%.
O chefe do departamento de Economia da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Azenil Staviski, considera positivo o fato de existir um aumento no número de novas empresas, mas diz que seria preciso analisar números de funcionários e do tamanho dos empreendimentos para fazer uma análise profunda. “A região Sul é a que tem demostrado maior crescimento e a do Sudeste, menor, mas o Sudeste já é forte em médias e grandes indústrias, o que explica por que outras regiões têm avanços maiores.”
Tanto que, em relação à natureza jurídica, mais de dois terços do total de empresas criadas no Brasil são de Microempreendedores Individuais (MEIs), ou 68%. “Vejo isso como reflexo de baixos salários e do trabalhador tentando aumentar a renda com a abertura da própria empresa”, diz Staviski. Ele lembra que a expansão do segmento de construção civil também fez com que aumentasse o número de prestadores de serviço, o que abre vagas de trabalho. “É algo positivo para a produção do País.”
Desaquecimento
Diretor da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), Ary Sudam afirma que é natural que a quantidade de novas empresas diminua devido ao período de menor desenvolvimento pelo qual o País passa. “Não vejo possibilidade de recuperação em curto prazo. O governo precisa mexer muito na economia, desonerar todos os setores e não alguns, fazer reformas trabalhista e fiscal”, avalia. Ele cita a desindustrialização pela qual o País passa, com forte entrada de produtos estrangeiros e baixa competitividade do setor nacional no exterior.
O indicador do Serasa aponta para a expansão da participação de serviços no total de novas empresas. A fatia do setor saltou de 53% em 2010 para 58% neste ano, enquanto a indústria se manteve em 8% e o comércio caiu de 35% para 32%. “O governo está se descuidando da indústria, não incentiva o setor como precisaria, o que levou à redução na participação inclusive sobre o PIB (Produto Interno Bruto).”
Com visão semelhante, Staviski diz que a queda do comércio deveria ser menos significativa para o PIB do que o reflexo da indústria. “Seria bom que o setor industrial crescesse, porque puxaria a agropecuária, o comércio e os serviços.”