Aéreas querem zerar tributos para compensar perdas
Os presidentes das principais companhias aéreas do país vão à Brasília na próxima terça-feira (20) tentar sensibilizar o governo sobre os prejuízos bilionários que se acumulam no setor. Dentre as reivindicações que serão apresentadas ao ministro Moreira Franco e ao presidente da Anac, Marcelo Guaranys, está a inclusão do transporte aéreo na medida provisória 617, que zera as alíquotas de PIS e Cofins para empresas de transporte rodoviário, metroviário e ferroviário. A inclusão consta de uma emenda já apresentada pelo Senador Francisco Dornelles (PP-RJ).
Para Eduardo Sanovicz, presidente da Abear, associação das empresas aéreas, sem algum tipo de alívio por parte do governo, o setor perderá os avanços obtidos na última década: redução de preços de passagem (em 40% na década) e inclusão da classe média, com o número de viajantes saltando de 30 milhões para 100 milhões. “A classe média já está voltando para o ônibus”, diz. “Nós chegamos no limite em termos de ganhos de eficiência e cortes de custos. Não temos mais bala da prata. Daqui para frente, a responsabilidade pelo resultado deve ser compartilhada.”
Mas Sanovicz diz que as empresas não vão pedir dinheiro do BNDES. “Queremos discutir custos que estão fora do nosso controle, como combustíveis e tarifas aeroportuárias.” O executivo dá como exemplo números da Gol, que divulgou balanço esta semana. A empresa fez um corte de custos de R$ 260 milhões. Porém, a recente alta do dólar, de R$ 2 para R$ 2,30, vai representar um aumento de custo de R$ 340 milhões.
Na reunião, o setor vai insistir em uma pauta que está na agenda há anos, mas que não tem encontrado eco no governo: a revisão da política de preços de combustível pela Petrobras e também a unificação do ICMS. Atualmente, o preço dos combustíveis é estabelecido pela Petrobras com base na cotação do barril no golfo do México, com um adicional de frete de importação de 100%, embora 75% sejam originários do próprio país.
Na última década, o combustível aumentou 136% (ante uma inflação –IPCA– de 77%). Como resultado, o peso do insumo no custo total das empresas aéreas subiu para cerca de 40%, enquanto a média no exterior é de 30% a 35%. “Queremos preços semelhantes ao do mercado internacional”, diz. Nos últimos meses, pela primeira vez na última década, as empresas deixaram de expandir oferta. Rotas e frequências menos rentáveis vêm sendo eliminadas, na tentativa de melhorar a ocupação dos aviões e a rentabilidade.
No entanto, o baixo crescimento da economia, somado à alta das passagens, tem enfraquecido a demanda, agravando a situação. No ano passado, Gol e TAM perderam juntas R$ 2,7 bilhões. A lista de reivindicações inclui medidas pontuais, como um plano para coibir furtos de malas e também um acompanhamento para impedir cobranças que as empresas consideram abusivas por parte das concessionárias.