Fecomercio quer bolsas para PMEs
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio) está empenhada em facilitar o acesso de pequenas e médias empresas ao mercado de capitais brasileiro. O Conselho da Pequena Empresa da entidade discute uma série de proposta para fomentar o segmento, entre elas a criação de bolsas de valores regionais. “Sabemos que é uma proposta ambiciosa, mas achamos que esse é um dos pontos em que o Brasil está defasado em relação aos demais países desenvolvidos e em desenvolvimento”, afirma Paulo Roberto Feldmann, presidente do Conselho da Pequena Empresa. O executivo também acredita que a falta de interesse desses empresários no mercado de capitais é cultural. “Eles não estão preparados para receber sócios. Não gostam de perder o controle da empresa e isso é um fator inibidor”, diz.
A ideia de criar bolsas regionais é parte das contribuições da Fecomercio ao grupo de trabalho formado por mais de 35 entidades que elaborou uma série de propostas que serão levadas ao Ministério da Fazenda para atrair pequenas e médias empresas à bolsa de valores. O grupo já conta com a participação de escritórios de advocacia, auditorias, bancos de investimento e entidades dos mercados financeiro e de capitais. Ontem, a entidade recebeu representantes do grupo na sua sede em São Paulo para ouvir as propostas.
As sugestões são voltadas às companhias cujo faturamento anual é de até R$ 400 milhões. Rodolfo Zabisky, relator do grupo de trabalho e diretor-presidente do grupo @titude, explica que as propostas têm duas frentes: os investidores, que teriam isenção de Imposto de Renda (IR) sobre o ganho de capital, e as pequenas e médias empresas, que receberiam crédito tributário para cobrir os custos de abertura de capital. De acordo com estudo da Deloitte, o custo de abrir capital no Bovespa Mais é de 7,1% do volume levantado. “Posso assegurar que com duas canetadas do Ministro da Fazenda veríamos uma onda desenvolvimentista de pequenas e médias empresas”, afirma.
Mas a Fecomercio também está preocupada com empresas de menor porte, que, segundo definições da Organização Internacional do Trabalho (OIT), teriam entre 10 e 20 funcionários dependendo do setor de atuação. De acordo com Feldmann, 300 mil empresas, das 6 milhões que se enquadram nesse perfil estariam aptas a captar recursos na BM&FBovespa hoje. “Ou seja, estão devidamente formalizadas, são saudáveis do ponto de vista financeiro e atuam em um mercado promissor”, explica. “E olha que estou sendo conservador”, completa.“ Sabemos das dificuldades, mas em nossa opinião, elas são igualmente importantes”, destaca.