Entender o que torna uma empresa um grande sucesso tem sido, há várias décadas, o ?negócio? de vários autores e consultores que vendem livros e ganham milhões em palestras e consultorias. Eles procuram disseminar uma fórmula universal para que qualquer empresa tenha sucesso, bastando seguir a ?rota do sucesso? prescrita.
Mas não parece haver uma rota simples e fácil que todos trilhem, como uma simples receita a ser seguida. Nessas últimas semanas, estive em empresas que passam por momentos distintos.
Uma grande empresa exportadora perdeu R$ 350 milhões em um trimestre e, no trimestre seguinte, lucrou R$ 430 milhões graças a mudanças substanciais nas taxas de câmbio. Outra empresa foi de 15% de participação no mercado para 26% em seis meses – um de seus principais concorrentes faliu.
São casos de empresas de sucesso? Elas estão seguindo a ?rota certa do sucesso?? Difícil dizer com base apenas em indicadores ?pontuais?, não? De uma coisa temos certeza: trata-se de um raciocínio perigoso. Acreditar em indicadores que revelam bom desempenho aqui e ali, esquecendo-se de analisar a empresa como um todo, verificando a solidez e eficácia de sua estratégia, a robustez de seus processos e a maneira como a empresa seleciona e gerencia seu pessoal.
Em outras palavras, resultados numéricos registrados em um período não devem ser os únicos e, nem mesmo, os parâmetros mais relevantes para definir o ?sucesso? de uma organização.
Pode ser que uma empresa tenha resultados positivos em um período, mas, por outro lado, tenha uma estratégia inadequada e processos tão ruins que, em médio prazo, trará resultados ruins.
O sucesso de uma organização é algo muito mais complexo do que simplesmente mostram os resultados do momento. Depende de uma série de fatores, como sua filosofia e valores, a solidez de sua estratégia, a eficiência de seus processos e da qualidade e engajamento de seus colaboradores.
São organizações que conseguem ?desdobrar? suas estratégias do topo da organização (?norte verdadeiro?) até o os diferentes postos de trabalho sem perder a essência e o foco. A estratégia certa tem sempre um componente racional analítico e outro intuitivo subjetivo.
Mais: são empresas que focam nas necessidades dos clientes. Muitas sugestões de criar empresas de sucesso vão na direção de usar a estratégia de criação de monopólios ou oligopólios via fusões e aquisições, por exemplo. E o foco exclusivo nas inovações traz resultados favoráveis até que as inovações sejam copiadas ou melhoradas.
Considerar que o foco nos clientes com a permanente eliminação dos desperdícios (o que os clientes não querem) é essencial e oferece perspectivas sólidas e duradouras para as empresas.
E consegue envolver toda a organização nessa ?cultura?, engajando corações e mentes por meio de líderes que lideram pelo exemplo e que estão cotidianamente presentes nos locais onde as coisas acontecem, fazendo as perguntas certas, na hora certa e à pessoa certa mais do que oferecendo soluções.
Empresas de sucesso são, quase sempre, aquelas que conseguem implementar processos robustos em que as melhorias, com propósitos claros e definidos, permeiam a empresa toda, natural e espontaneamente.
Em outras palavras, são organizações que conseguem incorporar ?melhoria? como uma ?atitude? de responsabilidade de todos na organização. E que em tudo o que fazem veem sempre um ?estado futuro? a ser atingido.
Organizações divididas em ?silos? ou departamentos, com pouca comunicação entre eles, geram obstáculos e desvios dos propósitos fundamentais, prejudicando os resultados, ao invés de estabelecer processos horizontais que cruzam a empresa inteira em direção aos clientes.
Finalmente, a preocupação com as pessoas certamente faz parte da ?rota do sucesso?, mas muito mais importante do que selecionar e manter ?os melhores? é desenvolver um sistema interno de desenvolvimento de pessoas com a atitude permanente de querer aprender e melhorar e criar condições de utilização desse potencial e capacidade de pensar no dia a dia.
Existem diversas ?rotas de sucesso?. Talvez, na sua empresa, você possa ajudar a criar a melhor de todas.
Autor:José Roberto Ferro, presidente do Lean Institute Brasil Notícia publicada segunda-feira, 01 de agosto, 2016