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Realidade virtual vai exigir avanço da 5G

Com as redes sociais, o texto não foi abandonado, mas passou a dividir espaço com imagens e vídeos na hora de as pessoas trocarem mensagens e informações entre si. Para Mark Zuckerberg, presidente do Facebook, o futuro será dominado por um ambiente que reúne elementos desses três formatos, mas depende de investimentos pesados em infraestrutura: a realidade virtual.

Obter o efeito de imersão do usuário em mundos digitais, a grande promessa da realidade virtual, vai demandar a construção das redes de quinta geração, ou 5G, que substituirão as 4G a partir de 2020 – ou até antes, a depender das operadoras e empresas de tecnologia. A transmissão de vídeos ao vivo ou por streaming exigirá uma melhora significativa da qualidade das redes disponíveis, afirmou Zuckerberg. “No futuro, os vídeos em 360 graus compartilharão as experiências como se você estivesse ali”, afirmou o executivo, na mais concorrida apresentação do primeiro dia do Mobile World Congress, em Barcelona.

“Quando dei meus primeiros passos, meus pais pegaram uma caneta e anotaram a data no livro de bebê. Minha prima, quando seu filho deu os primeiros passos, tirou uma foto com uma câmera. Minha irmã, quando seu filho andou, fez um vídeo. Eu quero capturar toda a cena, então, vou fazer um vídeo em 360 graus”, disse Zuckerberg.

De calça jeans e camiseta, enrubescido diante da imensa plateia, ele disse que o advento do vídeo será tão relevante quanto a disseminação dos dispositivos móveis a partir de 2011. “Em alguns anos, o principal conteúdo consumido on-line será o vídeo. É um momento animador.”

Em seu terceiro ano no maior congresso de telecomunicações do mundo, Zuckerberg defendeu uma de suas principais iniciativas, a internet.org, um projeto lançado em 2013 com o propósito de conectar a população mundial que ainda não dispõe de mecanismos de acesso à rede mundial, algo que ele disse considerar um “direito básico”. Zuckerberg informou que o Facebook pretende lançar um satélite para aumentar a conectividade na África e está testando drones para levar a internet a zonas rurais.

O objetivo da iniciativa, disse Zuckerberg, não é obter lucro. “Temos um modelo de negócio incrível e queremos ajudar as pessoas. Não estamos focados em ganhar dinheiro com isso”, afirmou. Na apresentação, ele lembrou que o Facebook começou como uma forma de conexão entre colegas de faculdade.

O presidente do Facebook disse que as redes 5G não podem representar melhores conexões apenas para o mundo desenvolvido. “É impossível que a indústria cresça se as pessoas ricas têm acesso ao dobro de velocidade que as demais. O objetivo da iniciativa internet.org é conectar dois terços da população mundial que estariam fora da web.

A tecnologia de quinta geração é a protagonista do congresso em Barcelona. Capaz de promover conexões rápidas em ambientes que vão de carros conectados a aplicativos médicos, a expectativa é que nova tecnologia dê impulso à “internet das coisas”, que conecta objetos entre si, sem intervenção humana.

O setor de saúde tende a ser um dos principais beneficiados, segundo executivos da AT&T, Ericsson e Intel. A possibilidade de coletar informações em hospitais e criar bases de dados para acelerar a detecção e o tratamento do câncer, por exemplo, seriam transformadores. Setores como varejo e serviços financeiros também seriam profundamente alterados, disse Ralph de la Vega, responsável pela divisão de telefonia móvel da AT&T. A mídia é a aposta de Hans Vestberg, da Ericsson, para quem a ampliação da disponibilidade de conteúdo pelas redes e o aumento do consumo de vídeos permitirá rever os negócios.

O executivo da AT&T pediu que os legisladores e reguladores garantam leis e políticas que estimulem as operadoras a investir nas redes 5G. “Precisa haver uma política a favor do investimento que nos ajude a justificar os elevados custos de lançar os serviços 5G”, afirmou. “Em 2015 investimos US$ 20 bilhões no México. Por quê? Porque o México colocou em prática uma estratégia muito favorável aos negócios. E como resultado temos a maior rede 4G da América do Norte.”

O presidente da Nokia, Rajeev Suri, disse considerar a internet das coisas e o 5G como segmentos prioritários para o grupo crescer nos próximos anos. O executivo anunciou um fundo de investimento de US$ 350 milhões dedicado à “internet das coisas”, que deve ajudar a companhia a abrir novas áreas de atuação. “Vamos aumentar dramaticamente nossos investimentos em 5G neste ano”, afirmou. Ele estima que em 2017 já existam implementações comerciais da quinta geração.

A previsão é que o ministro das Comunicações, André Figueiredo, assine hoje um memorando com a União Europeia para o desenvolvimento das redes de quinta geração. O acordo será focado na “definição da tecnologia a partir do lançamento do programa Brasil 5G, na cooperação, nos órgãos de padronização, além da realização de projetos de pesquisa e desenvolvimento envolvendo academia e indústria”, informou o ministério em nota.

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