Escrita Contabilidade

Ata do Copom contém sinais de nova alta de 0,50 ponto na taxa Selic

Comitê de Política Monetária do Banco Central revela tendência de novas altas do juro para conter escalada de preços
A ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, divulgada nesta quinta-feira, revelou preocupação em conter a inflação e tende a colocar mais gás nas estimativas do mercado financeiro sobre os próximos passos da política monetária.

O trabalho promete ser árduo para o BC neste ano de eleição presidencial. A decisão mais recente da autoridade monetária surpreendeu parte do mercado financeiro, que, na semana passada, contava com uma elevação mais amena, de 0,25 ponto percentual – a taxa aumentou 0,50%, elevando o juro básico para 10,50%. O ambiente de dúvida dos analistas sobre a próxima atuação do Copom tende a permanecer.

A diferença agora é que, no lugar de uma divisão entre mais uma alta dos juros ou uma pausa, o mercado deverá discutir entre mais uma elevação de 0,25 pp ou de 0,50 pp. No documento, o BC manteve a afirmação sobre a defasagem do efeito da política monetária, expressão que levou muitos analistas a preverem uma alta de 0,25 pp na reunião de janeiro. Também incorporou a avaliação de que a inflação surpreendeu ao final do ano passado, o que justificaria a manutenção do aperto em 0,50 pp.

Em dezembro, o IPCA fechou em 0,92%, ficando 0,13 ponto percentual acima da taxa vista exatamente um ano antes. Com isso, a inflação acumulada em 2013 saltou para 5,91% e fez com que o presidente do BC, Alexandre Tombini, não cumprisse a promessa de entregar um índice mais baixo do que o visto no ano anterior, de 5,84%.

Assim que o dado foi divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Tombini admitiu que a inflação ao consumidor mostrou uma resistência “ligeiramente acima daquela que se antecipava”. A avaliação foi repetida no documento apresentado hoje pelo BC: “o Copom pondera que a elevada variação dos índices de preços ao consumidor nos últimos 12 meses contribui para que a inflação ainda mostre resistência, que, a propósito, tem se mostrado ligeiramente acima daquela que se antecipava”.

O tom da análise sobre o comportamento dos preços na ata de hoje foi diferente – mais pesado – do que o apresentado na edição anterior, do início de dezembro. O colegiado salientou logo no primeiro parágrafo do documento que as informações disponíveis agora sugerem “certa persistência da inflação”, com destaque para o segmento de serviços. Imediatamente essa percepção se refletiu nas previsões para o IPCA de 2014 e 2015.

O Banco Central não traz números, mas informou que, para este ano, houve um aumento das estimativas e que a taxa segue acima do centro da meta de 4,5% perseguida pela instituição. Para 2015, a previsão do BC também está acima desse patamar. Outra importante mudança que deve ter pressão sobre os preços foi em relação ao câmbio. O BC não só aumentou de R$ 2,30 para R$ 2,40 a premissa com a qual trabalha para o dólar, lembrando que no dia da decisão do Copom a moeda foi comercializada a R$ 2,356.

O BC aposta, no entanto, em sua própria atuação de aperto monetário para conter esse impacto, ao afirmar que os efeitos secundários dessa depreciação podem e devem ser limitados pela “adequada condução da política monetária”. Ainda que a perspectiva de aumento de salários seja menor este ano, o BC também atribuiu a essa variável um componente altista dos preços.

Esse mantra é o mesmo que vem sendo entoado pela equipe econômica desde o ano passado para os reajustes salariais de 2013. O comitê avalia, porém, que a dinâmica salarial pode “originar pressões inflacionárias de custos”. Na área fiscal, o BC tratou de enaltecer a importância de pelo menos se repetir os resultados alcançados nos últimos anos. Citou na ata uma série de benefícios gerados a partir dessa posição do governo, como diminuição do custo de financiamento da dívida pública, o que aumentaria o investimento privado no médio e no longo prazo.

Sobre atividade, o BC mencionou que a melhora das condições no exterior ajuda na recuperação brasileira e que essa perspectiva de crescimento internacional não será mais uma fonte de auxílio para o controle da inflação.

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