A crescente demanda de contadores para o mercado tem feito com que este profissional esteja em falta. Apesar de quase 200 jovens se formarem nos cursos de ciências contábeis das universidades de Sorocaba a cada semestre, a carência ocorre por conta da possibilidade de atuação destes profissionais em diversos setores e da necessidade de que eles procurem o conhecimento contínuo. De acordo com representantes da categoria, não basta fazer a graduação. É preciso que este trabalhador continue os estudos e, principalmente, pratique os conhecimentos adquiridos.
De acordo com o coordenador do curso de ciências contábeis da Universidade de Sorocaba (Uniso), Luiz Carlos do Rego, o estudante que ingressa no curso de ciências contábeis, logo no primeiro semestre, já está sendo disputado pelo mercado. “O mercado de contabilidade está atraente e possui alta empregabilidade“, destaca.
Em Sorocaba, cinco universidades possuem o curso de ciências contábeis e são responsáveis pela formação de 200 profissionais a cada semestre, revela Luiz Carlos. Mas ainda assim, o número é insuficiente. “Está ocorrendo um apagão da mão de obra especializada, o mercado está carente de contadores“, explica. Segundo ele, a falta de profissionais de contabilidade ocorre também por causa da necessidade de que os contadores estejam sempre antenados em leis e métodos atuais.
A necessidade de continuar aprendendo também é destacada pela presidente do Sindicato dos Contabilistas em Sorocaba e professora da Universidade Paulista (Unip), Edméia Soares Scatola. “O mercado de trabalho precisa deste contador, então o aluno tem que entrar na graduação com esta convicção e não simplesmente passar pelo curso“, diz. Segundo ela, ainda é preciso “muita dedicação e empenho, pois o conhecimento não se adquire somente em sala de aula, tem que sair em busca e com afinco e também não parar na graduação“.
Mas a atuação do profissional de ciências contábeis vai além dos escritórios de contabilidade, explica Edméia. “O mercado de trabalho para contadores tem um leque muito grande, pois são várias áreas que poderá atuar“, revela. De acordo com ela, o formado em ciências contábeis pode atuar como auditor, contador da área de custos ou controller, empresário contábil, perito contábil, consultor, auditor interno e também na área acadêmica.
É justamente essa vasta possibilidade de atuação que é apontada por Luiz Carlos como responsável pela fuga dos contadores dos escritórios de contabilidade. “Os escritórios formam os contadores, com a prática, e depois eles saem para grandes empresas, para as áreas fiscal e de recursos humanos, por exemplo“, explica. Melhores salários, estabilidade e outros benefícios também são apontados pelo professor como os motivos desta mudança dos contadores.
De acordo com a professora Edméia, a remuneração destes profissionais varia muito, pois depende do porte de empresa e do cargo que ocupam. “Variam entre R$ 5 mil e R$10 mil. Nos escritórios de contabilidade esses valores são menores“, completa.
Quanto ao perfil do profissional de ciências contábeis, a presidente do sindicato enfatiza que ele deve saber se comunicar, ser flexível e ter facilidade na gestão de pessoas e de conflitos. “Deve ter uma uma visão holística e sistêmica dentro de uma organização. Portanto, não pode ficar com os conhecimentos restritos aos temas contábeis e fiscais, tem que ter uma formação cultural elevada, ser ético, ter visão de futuro e ser criativo“, explica. Para ela, o profissional ainda deve ser dinâmico, tem de ter iniciativa e ser audacioso.
Gostar da profissão também é um fator importante e foi o que levou a estudante Natália Dalsoglio, 20, a ingressar na graduação em ciências contábeis. Segundo ela, a experiência que adquiriu no primeiro trabalho acabou por levá-la a gostar de contabilidade.“Meu primeiro emprego foi em um escritório de contabilidade e tinha 16 anos. Aprendi muita coisa e achei interessante investir no curso“, explica.
Natália deve concluir a graduação no próximo ano, contudo, já pensa nas especializações que deve fazer. “Quero fazer especialização em Controladoria e Finanças, depois em Comércio Exterior e Logística Internacional“, diz.
Com experiência na área de administração, Graziele Cristina de Souza, 24, decidiu primeiro fazer o curso técnico em contabilidade. “Agora pretendo fazer a graduação e me estabilizar como contadora“, revela. Segundo ela, o trabalho em contabilidade modificou seu jeito de ser. “Eu era distraída, mas tive de mudar e prestar mais atenção nas coisas”, comenta.