As pequenas e médias empresas (PMEs) brasileiras estão, aos poucos, se rendendo à nuvem, que é, essencialmente, o armazenamento e o compartilhamento de dados na rede mundial de computadores. De olho neste mercado potencial, as empresas desenvolvedoras deste tipo de tecnologia veem nas PMEs uma ótima oportunidade de mercado.
“Empresas grandes já estão se consolidando em termos de tecnologia. Temos mais de 400 mil PMEs no mundo que não se decidiram sobre qual solução empresarial aderir”, revela Sandra Vaz, vice-presidente de vendas, ecossistemas e canais da SAPSouthern Latin America. A companhia alemã vem focando tanto neste nicho que organizou, esta semana, um encontro, em sua sede na capital paulista, para discutir o atual momento da tecnologia da computação em nuvem para as PMEs.
A grande vantagem da nuvem para as PMEs é a possibilidade de poder contar com uma tecnologia avançada e acessível por um custo muito menor do que um software comum. “Se uma empresa pequena quisesse implementar uma tecnologia desse nível há quatro anos, seria necessário comprar equipamento, software, hardware. Seria inviável. A empresa compraria uma programa de computador da banca de jornal que resolvia 30% do problema. Agora, com a nuvem, elas conseguem resolver o problema por completo”, analisa Jorge Toledo, diretor sênior de produtos CRM da Oracle para América Latina.
Na visão de Marcia Conrado, diretora sênior da SAP para ecossistemas de cloud na América Latina, os recentes escândalos envolvendo vazamentos de dados e espionagens por parte do governo norte-americano ainda fazem algumas empresas resistirem à nuvem. “Ainda encontramos dificuldades com alguns clientes em relação à segurança, mas já vimos a nuvem ser usada para muitas coisas, como, por exemplo, para transferências bancárias. O próximo passo é levar isso ao ambiente corporativo”, conta.
O norte-americano Kevin Gilroy, vice-presidente sênior global de canal indireto da SAP, encara o tema segurança com naturalidade. “As pequenas e médias empresas do mundo todo estão entendendo essas mudanças. Eu não vejo a questão da segurança como um desafio, e sim como uma oportunidade”, analisa.
Na visão da Oracle, no entanto, segurança não é a maior preocupação das PMEs na hora de aderir – ou não – à nuvem. “As pequenas empresas não têm preocupação com espionagem, vazamento de informações. Eles têm preocupação com a perda de seus dados”, revela Toledo. E esta foi a motivação que fez a Unotech, importadora e exportadora que atua no ramo de filtração e lubrificação industrial. Fundada em 1997, a empresa conta com 60 empregados e receita anual de US$ 22 milhões. “Eu uso a nuvem porque já perdi toda minha base de dados, inclusive o back-up. Duas vezes”, conta Manoel Machado, diretor da Unotech.
Mas a comodidade de ter os dados da Unotech na rede mundial de computadores não foi o único fator que motivou o diretor da empresa a aderir à nuvem. A simplicidade na hora de manusear a ferramenta – além de uma diminuição considerável nos custos – também pesaram. “Eu sou do ramo de importação e exportação. Não sou especialista em TI”, brinca.
Para Toledo, além da economia financeira com a nuvem para as PMEs, existe uma disparidade no modo como o investimento é aplicado. “A diferença é grande na forma de gastar. Antes, o cliente precisava fazer investimentos maiores, pagar o software e ele teria o retorno em quatro, cinco anos. Agora só é preciso pagar um valor fixo mensal”, conta.
Os desenvolvedores desta tecnologia, claro, enxergam a enorme possibilidade de ganhos proveniente do investimento em desenvolver soluções para pequenas e médias empresas. “80% dos clientes SAP são PMEs”, revela Gilory. Na Oracle a situação não é muito diferente. “A nossa área de vendas indiretas que atende PMEs é a área que mais cresce”, finaliza o executivo.