Escrita Contabilidade

E-commerce brasileiro depende dos pequenos

Obter sucesso nas vendas on-line pode envolver muito mais esforço e fôlego do que muitos empreendedores imaginam. Mesmo com 51 milhões de consumidores ativos, o mercado brasileiro de e-commerce ainda carece de maturidade para atingir o potencial de demanda que começa a surgir com o ingresso da classe C nas estatísticas que embasam o setor nos últimos dois anos.

No entanto, para alguns especialistas, o crescimento exponencial depende da ampliação das apostas dos pequenos negócios na atividade para incrementar as vendas e, sobretudo, o relacionamento com os clientes. É o que afirma a administradora de empresas e diretora executiva do E-commerce Brasil, Viviane Vilela, que esteve em Porto Alegre durante o seminário Desafios do Crescimento, promovido pelo Sebrae.

Para Viviane, os negócios de menor porte devem considerar o lucro como uma espécie de alimento. No entanto, para suportar a concorrência contra os grandes players, o capital de giro tem de ser tratado como o oxigênio. Neste aspecto, ela acredita que o ingresso da Amazon no mercado nacional servirá como um divisor de águas. “Nos Estados Unidos, a Amazon recebe à vista e paga os fornecedores com 120 dias de prazo. Portanto se existe algo que a Amazon possui de sobra é capital de giro. Aqui é comum o parcelamento, e eles não se interessam por isso, mas entendem como ninguém do relacionamento com os consumidores”, comenta.

Em 2012, a empresa foi responsável pela absorção de 5% de US$ 1 trilhão negociado em todo o planeta no varejo on-line. Com uma média de 150 mil pedidos por hora, a companhia mantém mais de 7% da população norte-americana em consumo recorrente (a cada 60 dias) – o que garante um volume de receitas de US$ 835 milhões apenas em links patrocinados por outras marcas.

No Brasil, por outro lado, a B2W (resultado da fusão entre o Submarino e as Americanas.com) registra somente 35 mil pedidos por dia. A diferença entre os dois mercados, na avaliação de Viviane, significa que há mais a “aprender” do que a “temer” com a presença da gigante norte-americana.

“A Amazon vai apostar em produtos eletrônicos, motivada por uma questão tributária. O Brasil possui uma legislação maluca, e nossa infraestrutura é péssima. A ideia é entender esse negócio chamado Brasil para, no futuro, ingressar com o produto físico. Não é algo que ameace. Trata-se de uma oportunidade de aprendizagem”, defende.

Viviane lembra que a edição brasileira do Black Friday (a sexta-feira que sucede o feriado de ação de graças nos Estados Unidos) superou o Dia das mães e o Dia dos Namorados como a principal data no varejo. Entretanto, o dia ficou conhecido por aqui como “Black Fraude” em razão de uma série de reclamações de consumidores que geraram, inclusive, ações dos Procons junto ao Ministério Público em alguns estados.

O fato, segundo a executiva, demonstra o despreparo dos empresários para trabalhar no varejo on-line. Para os pequenos negócios, a principal lição é aproveitar esse tipo de evento para captar uma base de consumidores potenciais, já que no Brasil o índice de cliques que se convertem em compras efetivas on-line é de apenas 2%.

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