Escrita Contabilidade

Com crescimento baixo, dólar e inflação, lucro de 20 grandes companhias fica estagnado

Pressionadas por uma economia que cresce em ritmo mais lento do que o previsto, por uma inflação persistentemente elevada e um câmbio que mais atrapalhou do que ajudou até aqui, o lucro líquido das 20 maiores empresas brasileiras de capital aberto somou R$ 30 bilhões no primeiro semestre deste ano, revelando uma estagnação em comparação aos R$ 30,1 bilhões do mesmo período do ano passado, ou uma pequena queda de 0,44%, segundo levantamento do GLOBO a partir da base de dados da agência Bloomberg News.

O levantamento desconsidera três gigantes brasileiras: Petrobras, Banco do Brasil e Vale, companhias que distorcem as estatísticas por causa de impactos atípicos em seus resultados. A Petrobras mudou a regra de contabilidade, o que evitou um impacto de R$ 8 bilhões do câmbio no segundo trimestre. Com crescimento baixo, dólar e inflação, lucro de 20 grandes companhias fica estagnado

O BB teve uma receita atípica com venda de ações da BB Seguridade, que fez a maior oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) do país no ano. E a Vale sofreu forte impacto do câmbio. Se as três empresas tivessem sido incluídas no cálculo, o lucro das 20 maiores companhias brasileiras teria crescido 10,26%, de R$ 54,4 bilhões no primeiro semestre de 2012 para R$ 60 bilhões no primeiro semestre deste ano.

Segundo Alex Agostini, economista-chefe da agência Austin Ratings, o ano parece “praticamente perdido” para o crescimento do país e das empresas brasileiras. Ele lembra que a expectativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens de serviços produzidos pelo país) está agora em 2,21% para 2013, segundo a média das expectativas do mercado no boletim Focus, do Banco Central (BC).Essa expectativa era de 4% um ano atrás.

— Muitas empresas pegaram financiamento para investir e crescer. Mas o que vamos ver é o dinheiro ficar empoçado, ou seja, aplicado em títulos públicos, em vez de direcionado para a atividade produtiva. E isso tem a ver com a inflação elevada, com desonerações pontuais do governo. É uma pena, porque o que precisamos é justamento de investimentos — diz Agostini.

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