Levar empresas de médio porte ao mercado de capitais. Esta é a meta da Federação e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) para 2013. O trabalho será feito no sentido de preparar essas companhias para acessar novas formas de financiamento e estruturar melhor essas empresas.
“Queremos mostrar a eles que não existe só a alternativa de abrir o capital. Há várias formas de captação como debêntures e outros papéis”, explicou o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, ontem, em São Paulo.
Serão selecionadas 750 empresas de médio porte dentro de um universo aproximado de 1,5 mil companhias. “Trabalharemos com essas empresas através do Decomtec (Departamento de Competitividade e Tecnologia da Fiesp), a fim de prepará-las para o acesso ao mercado de capitais”, explica Skaf. “Nosso papel será de orientação e conscientização para aproximar essas empresas do mercado de capitais.”
Além de preparar as empresas, a indústria paulista espera começar a se aproveitar, em 2013, dos ganhos com todas as batalhas travadas em 2012 com o governo federal, contra juros altos, câmbio baixo, custo de energia e infraestrutura. “2013 deve ser o ano da reindustrialização do País”, disse Skaf, enfático.
Na sua avaliação, os resultados do ano de 2012 não foram satisfatórios nem para a indústria nem para a economia brasileira, mas a expectativa para o ano que vem é mais positiva, dentro do novo cenário de corte na taxa de juros, redução de tarifas de energia, câmbio em patamares mais equilibrados e o fim da Guerra dos Portos.
Em 2012, a indústria encolheu 2%, conforme dados da Fiesp. “Mas, para o ano que vem, esperamos um crescimento entre 2,5% e 3% para a economia como um todo”, diz Skaf , acrescentando que o recuo da indústria impediu o crescimento do País como um todo.
As perspectivas de desempenho do dólar também, na análise do presidente da Fiesp, são mais favoráveis para 2013. Como o dólar está operando na faixa de R$ 2,10 no segundo semestre deste ano, ele acredita que a relação cambial ideal para 2013 deve ser de US$ 1 para R$ 2,30.
Nova luta
A Fiesp já se prepara para lutar em novas frentes como a redução do preço do gás, insumo importante em diversos setores. “Discutiremos com a Petrobras uma queda dos preços”, disse Skaf.
O presidente da Fiesp não perdeu a oportunidade de elogiar ações do governo federal na busca por avanços que aumentem a competitividade do Brasil. “A presidenta Dilma tem mostrado sensibilidade, não só nas palavras, mas também nas atitudes. Eu gostei muito da postura dela frente ao setor energético”, disse Skaf, aproveitando a chance para voltar suas baterias contra as empresas de energia que não aceitaram as condições do governo para renovação das concessões.
“O mercado não foi surpreendido com o fim das concessões das empresas de energia elétrica que vencem a partir do ano de 2015. Quem não quis fazer a adesão [ao plano do governo conforme prevê a Medida Provisória 579], vai ter leilão. Todo mundo sabia disso desde 1995. Não houve quebra de contrato”, disse Skaf.
O presidente da Federação estima que o Produto Interno Bruto registre uma expansão ao redor de 3% em 2013. “Em 2012, o País deve registrar um crescimento próximo a 1%, talvez 0,9%, enquanto a indústria de transformação recuou 2%”, comentou.
Skaf fez uma avaliação favorável sobre a redução dos juros e o novo patamar de câmbio em 2012. “Taxa Selic a 7,25% é melhor do que a 12%. Mas pode baixar mais”, defendeu.
Atividade
Estabilidade. Este é o cenário geral apresentado pela atividade industrial, conforme levantamento divulgado na tarde desta terça-feira pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). De acordo com a Sondagem Industrial, em novembro o nível da produção caiu para 49,8 pontos em novembro, ante 54,9 pontos em outubro. Em novembro de 2011, o nível de produção era também de 49,8 pontos. O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) ficou em 74% em novembro, mesmo percentual verificado em outubro, porém abaixo da marca de 75% registrada em novembro de 2011.
A pesquisa mostra que o nível de estoques efetivo em relação ao planejado caiu para 49,5 pontos em novembro, ante 50,5 pontos em outubro. Em novembro de 2011, o nível de estoques havia alcançado o nível de 52,3 pontos. O indicador sobre o nível de emprego industrial desceu para 49,4 pontos em novembro, ante 50,2 pontos em outubro.
O mês de novembro não foi bom para a indústria da construção civil, com queda do indicador que mede o nível de atividade do setor para 49,1 pontos. Em outubro, esse indicador havia registrado 50,1 pontos, de acordo com a Sondagem da Indústria da Construção, feita também pela CNI em parceria com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).